Acabei de ler A Era da Turbulência e o Capítulo Especial (Epílogo sobre a crise financeira), livro de memórias do ex-presidente do FED, banco central norte-americano.
Fiquei impressionado com a falta de autocrítica do autor. Defende secamente toda a política de desregulamentação do sistema financeiro e a política de juros baixos, que por longo período alimentou artificialmente o crescimento da economia dos EUA por via do mercado imobiliário e do consumo intenso, levando ao endividamento das famílias.
O cinismo do ex-banqueiro é um verdadeiro acinte. Chega a revitalizar argumentos liquidacionistas usados na crise de 1929, opondo-se aos planos para salvar o setor financeiro do colapso. Diz ele que " a reação das autoridades dos Estados Unidos ao colapso do Bear Stearns é muito preocupante". Puro liberal-darwinismo do deixa como está que no fim sobram os mais fortes.
Na crise de 1929 prevaleceu essa opinião liquidacionista no governo de Herbert Hoover(1929-1933) e os resultados foram catastróficos, levando milhões de pessoas à miséria absoluta nos EUA e no mundo afora. Somente depois, no governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), com forte intervenção do estado mediante aplicação das teses keyneisianas, a Grande Depressão foi superada.
Em meio a grave crise financeira cujas causas estão exatamente na falta de regulamentação, Alan Greenspan sai com essa pérola: "Sou cético quanto à idéia de que o aumento da regulamentação dos mercados financeiros poderia melhorar seu desempenho". Precisa mais para ilustrar o alto teor de neoliberalismo do ex-banqueiro.
A Era da Turbulência e Capítulo Especial foram publicados no Brasil pela editora Campus. Vale a pena conferir os bastidores do FED na fase em que Greenspan foi presidente do banco, entre agosto de 1987 a janeiro de 2005.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
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