A vitória de José Mujica tem um grande significado histórico e político para a esquerda latino-americana.
Jose "Pepe" Mujica foi escolhido para ser candidato à sucessão presidencial, em dezembro de 2008, dentro da Frante Ampla (FA), fazendo uma disputa com pesos pesados, entre os quais o ex-ministro de Economia, Danilo Astori, que depois passou a ser vice-presidente. Temia-se pela divisão da FA, que seria fatal para as pretenções de a esquerda continuar no governo.
Jose Mujica tem uma história marcante. Esteve a frente das lutas contra de resistência a ditadura militar (1973-1985). Ex-lider guerrilheiro tupamaro, ficou preso durante doze anos, sofrendo maus-tratos físicos e psicológicos. Permaneceu por dois anos isolado no fundo de um poço. Numa entrevista a Carta Maior, em fevereiro de 2005, afirmou que para não enlouquecer, aprendeu a falar com rãs e "galopar para dentro de si mesmo". Na eleição de 2004, que elegeu Tabaré Vázquez, José Mujica é eleito o senador mais votado. Por toda essa trajetória de luta, José Mojica presidir o Uruguai tem para a esquerda de todo o continente um sabor especial.
É tem um significado estratégico importantíssimo. Mojica vai governar um país cujas bases econômicas são opostas de quando Tabaré Vázquez assumiu em 2005. A economia cresce 30% nos últimos cinco anos, reduzindo o desemprego, que caiu de 13% para 7%, o que ajudou a reduzir a pobreza de 31,9% para 20%. O Uruguai se beneficiou, é claro, do boom do comércio internacional pré-crise financeira global. Mas, como ocorreu no Brasil de Lula, soube desenvolver um mercado interno, que está sendo útil quando o comércio mundial sofreu um recuo drástico como consequência da crise financeira internacional.
A vitória de José Mujica é a garantia de que o Uruguai vai continuar avançando sua economia, com o olhar focado na redução ainda mais da pobreza. É essa a diferança essencial de um governo de esquerda comparado ao de direta. Em todos os governos de esquerda que assumiram nos últimos anos a pobreza foi reduzida mediante mecanismos de transferência de renda.
Durante a campanha os candidatos conservadores fizeram duras críticas ao Mercosul. Embora não falassem de público mais defendiam em privado que o bloco não seria prioridade num eventual governo conservador. Mais um motivo para comemorarmos a vitória de José Mujica. O futuro presidente, como o atual, sabe da importância do Mercosul para a integração da América Latina. O Brasil como a Argentina não podem fechar os olhos para o Uruguai. O fortalecimento do bloco passa necessariamente por ajudar Uruguai e Paraguai a se desenvolverem economicamente, abrindo mercado para produtos produzidos nesses países, além de abrir linha de crédito do BNDES para ajudar a desenvolver a indústria local. Se isso não acontecer vai aumentar a pressaõ interna para o Uruguai assinar tratado de livre comércio, inclusive com os EUA.
Por enquanto é comemorar a vitória. Ma a partir de março de 2010, quando tomar posse, José Mojica terá pela frente o desafio de uma agenda interna e externa cujo êxito consolidará a esquerda no Uruguai.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário