Com a Grécia fora do radar, o foco dos investidores agora é outro e os primeiros sinais de que o segundo semestre pode apresentar maior crescimento econômico já começaram a aparecer.
Nos Estados Unidos, o ISM industrial surpreendeu para cima, se somando ao índice de atividade em Chicago. O que não agradou muito, mas não fez preço, foi a queda da confiança do consumidor.
O Japão também começa a respirar após a devastação promovida pelo terremoto, tsunami e desastre nuclear.
A produção industrial teve a maior retomada em 50 anos durante o mês de maio. E embora a pesquisa Tankan com grandes industriais tenha mostrado um número maior de pessimistas do que de otimistas, as empresas japonesas pretendem contratar e investir mais nos próximos meses.
Essa percepção de melhora, mesmo que incipiente, está entre as explicações para o desempenho positivo das bolsas, que tanto aqui quanto em Nova York tiveram a melhor semana do ano, e para a queda do dólar antes seus principais rivais.
Dólar volta a 1999, mas não desperta ameaças do governo
Mas nem todos os sinais foram francamente positivos.
A China continua desacelerando. Dois indicadores, sendo um oficial e outro privado, mostram retração da atividade fabril em junho. Os índices, no entanto, ainda estão acima dos 50 pontos, linha que separa crescimento de retração.
Tal comportamento não surpreende muito, já que o Banco Central chinês tomou uma série de medidas para que isso acontecesse.
Fica a dúvida, no entanto, de até quando essa desaceleração perdura. Pergunta de grande importância para o mercado brasileiro, tendo em vista a estreita correlação entre a economia local e a chinesa.
No limite, uma desaceleração prolongada da economia chinesa poderia tirar força das commodities, o que prejudica as exportações brasileiras, tanto por volume quanto por preços relativos.
Esse mesmo cenário tira brilho do mercado de ações, já que empresas ligadas às matérias-primas respondem por cerca de 50% do Ibovespa.
A fotografia desse momento mostra sinais conflitantes. Retomada nos EUA e baixa na China. Vale lembrar que a evolução desse quadro é importante, mas não determinante, já que as notícias ganham a interpretação que melhor convém dependendo do humor dos mercados.
Nos Estados Unidos, a confiança na recuperação pode ganhar força, ou ir morro abaixo, dependendo dos dados sobre o mercado de trabalho. A criação de vagas de junho será conhecida na sexta-feira, bem como a taxa de desemprego.
Aqui no para o mercado local, a semana deve começar morna, já que Wall Street, nosso principal referencial externo, não opera em função de feriado.
Na agenda local, o ponto alto é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. Não deve haver deflação, mas um número próximo de 0,10%.
Na Europa, Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) têm reuniões de política monetária.
No Reino Unido a taxa básica deve permanecer em 0,5% ao ano. Já na zona do euro a previsão é de alta de 0,25 ponto, com o juro básico avançando de 1,25% para 1,50%. Tal consenso foi formado na semana passada após declarações do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, que falou que o banco está em modo de "forte vigilância".
Na sexta-feira, os vendedores não deram trégua e o dólar caiu a R$ 1,558, baixa de 0,25%, e menor preço desde 19 de janeiro de 1999. Na semana, a moeda perdeu 2,87%.
A ideia de que algum repique de alta acontecerá no curto prazo segue válida. Na sexta-feira, essa expectativa pegou gente no "pé trocado". Alguns agentes dormiram comprados de quinta para a sexta-feira esperando o repique. Até houve um ensaio de alta, mas, como ele não se confirmou, esses agentes se viram obrigados a zerar posições. Algo que somou pressão de venda ao longo do pregão.
Chama atenção o silêncio do governo (ao menos até o momento), já que das últimas vezes que o dólar flertou com o R$ 1,55, foram feitas ameaças de novas medidas restritivas. Seja oficialmente ou via noticiário atribuído a "fontes próximas" a alguém importante.
No mercado de juros futuros, a puxada de alta de fim de mês foi devolvida na abertura de julho. Os contratos de prazo mais dilatado ajustaram para baixo, no que foi classificado de realização de lucros.
Olhando os vencimentos curtos, parece que a aposta de que o ajuste da Selic vai até agosto continua atraindo novos adeptos. Para o encontro de 20 julho do Comitê de Política Monetária (Copom) já está contratada alta de 0,25 ponto, que traria o juro básico para 12,50%.
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