quarta-feira, 30 de junho de 2010

A mais nova falência da Internacional Socialista, por Breno Altman

A mais nova falência da Internacional Socialista

Breno Altman



O Conselho da Internacional Socialista, entidade que coordena os partidos de inspiração social-democrata, reuniu-se nos dias 22 e 23 de junho, em Nova Iorque. A imprensa não deu muito bola para o evento, mas trata-se de um momento importante para entender o que pensa e como age essa família política.



A organização foi fundada, em 1951, com o intuito de agrupar a esquerda não-comunista, então ensanduichada pela guerra fria. Estão entre seus principais membros o Partido Socialista Francês, o Partido Social-Democrata Alemão, o Partido Socialista Operário Espanhol e o Partido Trabalhista Inglês.



Os filiados alinhavam-se ao campo capitalista, aceitavam a hegemonia norte-americana e majoritariamente renunciavam ao marxismo. Mas defendiam a ampliação do bem-estar social e adotavam circunstancialmente posturas antiimperialistas.



Esse programa permitiu aos social-democratas uma posição forte enquanto a expansão dos direitos trabalhistas se constituía em uma das estratégias contra a influência do campo socialista. Revelava-se funcional a existência de uma corrente política pró-ocidental que disputasse, com os comunistas, a direção do movimento operário.



Sua trajetória, contudo, sofreu um cavalo-de-pau a partir dos anos oitenta. As demandas da reestruturação produtiva e o enfraquecimento do bloco soviético tornaram obsoletos os paradigmas da social-democracia. Dispensadas de seu papel de contenção política, as conquistas sociais viraram estorvo para os grandes monopólios.



Os partidos da Internacional Socialista se viram diante de uma escolha: caso preservassem o velho programa, romperiam com as elites de seus próprios países e assumiriam uma política de confrontação; se preferissem salvaguardar o pacto de conciliação firmado na guerra fria, teriam que abandonar antigas bandeiras e aderir aos cânones do neoliberalismo. Seus dirigentes preferiram o segundo caminho.



A reunião em Nova Iorque, porém, ignorou solenemente esses acontecimentos. Como se os social-democratas nada tivessem que ver com as políticas de privatização, desregulamentação do Estado e liberdade ao capital financeiro que conduziram o capitalismo a presente crise. Ou com as guerras de agressão levadas a cabo para defender os interesses das grandes potências.

Sintomático, aliás, que a IS seja atualmente presidida pelo grego George Papandreou, o primeiro-ministro à testa do colapso econômico de seu país e da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores helênicos.



Sob sua batuta foram aprovados, no encontro realizado na sede da ONU, quatro documentos principais, versando sobre economia global, situação no Oriente Médio, mudanças climáticas e regras para desarmamento nuclear. Uma versão em espanhol está disponível no sítio www.internacionalsocialista.org.



O malabarismo do palavreado apresenta-se como curiosa pantomima. A sacada: ocultar o que se passou com promessas sobre o que se passará. Critica-se a “ideologia neoliberal” e fala-se em “nova regulação financeira”, por exemplo, mas não há palavra sobre a política desenvolvida pelos governos social-democratas nos últimos vinte anos.



Menos ainda se fala nas atuais medidas contra a crise adotadas pelas administrações da Grécia, Espanha e Portugal, as três comandadas por partidos da Internacional Socialista. Cúmplices econômicos e militares do Consenso de Washington, Papandreou e seus amigos apelam para cortes nos gastos sociais, passando aos pobres a conta da fortuna angariada pelos ricos.



Outro ato falho da cúpula socialista está em relatório paralelo aos documentos principais, acerca da situação venezuelana. A moção acusa o presidente Chávez de “autoritário”, assumindo o discurso fabricado por Washington e a oposição de direita.



A resolução demonstra, além da submissão de seus líderes a Casa Branca, inconformismo com a esquerda que preserva uma política contra-hegemônica. Deixa poucas duvidas de que lado estará a Internacional Socialista nos momentos das definições a sério.



E quando uma organização que se reivindica de tradições progressistas aceita ser linha auxiliar do conservadorismo, é porque perdeu sentido histórico e sobreveio a falência do projeto que representa.



No caso da Internacional Socialista, a bem da verdade, trata-se da terceira bancarrota. Herdeira da Segunda Internacional, foi à lona pela primeira vez quando votou os créditos militares exigidos pelas burguesias nacionais européias às vésperas do conflito mundial de 1914. Reconstruída, bateu outra vez na lona em 1940 por incapacidade de organizar a resistência contra o nazismo.



O novo colapso da IS é determinado pela associação com governos e políticas de direita que levaram o capitalismo a sua pior crise desde 1929. Ao contrário das ocasiões anteriores, nas quais simplesmente fecharam as portas, dessa feita os social-democratas parecem fazer de conta que ainda respiram, ainda que por aparelhos.



Breno Altman é jornalista e diretor editorial do sítio Opera Mundi (www.operamundi.com.br)



--

terça-feira, 29 de junho de 2010

Texto de Brizola Neto sobre Dilma no Roda Viva

Dilma mostra no Roda Viva que sabe onde pisa


Peguei o bonde meio andando da transmissão em tempo real do programa “Roda Viva” com Dilma Rousseff que vai ao ar logo mais, às 22 horas, na TV Cultura. Mas do que pude ver, Dilma mostrou diante de vários entrevistadores a mesma tranquilidade, segurança e firmeza que exibiu na entrevista para Kennedy Alencar, no “É notícia”.
Dilma tem os dados nas mãos e está preparada para enfrentar qualquer platéia. Não houve tentativa de saia justa que intimidasse a candidata e em todas as respostas ela se mostrou senhora da situação. O tal dossiê, naturalmente, voltou à tona, e Dilma, além de cobrar as provas dos que gostam de alardear a falsa questão, afirmou que estão tentando empurrar para o campo político da esquerda uma história que não é dele.
A resposta não poderia ser melhor. Dilma mostrou que o dossiê, que na verdade é o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, atinge os tucanos, que tentaram criar uma anti-história para abafá-lo. “Processamos os acusadores”, disse Dilma, referindo-se ao processo que o PT abriu contra Serra, e ainda deu um tapa com luva de pelica nos jornalistas: “Não processamos vocês pelo respeito à liberdade de imprensa.”
Dilma falou sobre educação, saúde, economia, reformas e estava tão à vontade que chegou a interromper uma resposta e sorrir ao ver na tela à sua frente um desenho que o cartunista Paulo Caruso fazia, no qual ela aparecia andando sobre a careca de Serra dizendo: “Eu sei muito bem onde piso. Ele não tem nem vice.”
Numa síntese do que seria a meta principal de seu governo, Dilma disse que seria retirar da pobreza quem ainda está lá. Ao colocar uma questão social à frente de qualquer arranjo econômico, Dilma mostrou sensibilidade de estadista que não olha apenas os números mas as condições de vida da população.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

PT acerta ao pedir por danos morais

Decisão do PT de entrar na Justiça com uma representação por danos morais contra José Serra vem em boa hora. Chega de assistir ao ex-governador paulista falar o que bem quer, fazer acusações infundadas, e ficar por isso mesmo.
Entrar na justiça vai chamar a atenção para a falta de proposta do candidato da oposição, que passa a ser agarrar em factóides, travando uma campanha suja. Na verdade, a cada dia que passa, com o cenário econonômico positivo, a oposição está perdida. Temos que ficar alertas! Eles vão, em conluio com a grande mídia, entrar em desesperos e nos atacar com golpes baixos.

Comitê Dilma Rousseff

Dia 13 de julho vamos inaugurar o comitê central de Dilma Rousseff, em Brasília, no setor comercial Sul, atrás da sede do PT nacional. Estamos corredo para estruturar o local. Depois da convenção, entre outros acontecimentos, esse será um importante evento da nossa campanha.

Azenha escreve sobre o sistema Globo e Dunga

O Globo omite bastidores ao pintar Dunga como um perigo para a seleção


por Luiz Carlos Azenha

Omitindo de seus leitores a informação principal — de que existe uma disputa de bastidores em torno do acesso exclusivo da TV Globo a jogadores da seleção brasileira –, o jornal O Globo abriu uma campanha mesquinha contra o técnico da seleção brasileira, Dunga, a começar da falsa manchete de primeira página: CBF teme que Fifa puna Dunga por palavrões. O factóide foi logo descartado pela própria Fifa, embora o jornal cravasse no texto de primeira página: “As reações destemperadas de Dunga durante e após a vitória sobre a Costa do Marfim puseram a CBF de sobreaviso. A entidade espera comunicado da Fifa com repreensão ou multa ao treinador por mau comportamento. Os dirigentes lembram que o técnico da Argentina, Maradona, foi multado e suspenso por xingar jornalistas nas eliminatórias”, dizia parcialmente a chamada.

Sob ela, um texto do colunista Bruno Mazzeo, com o título “Uma TPM que não passa”. E uma outra chamada: “Psicólogos analisam o técnico brasileiro”.

No caderno de esportes, sob o título “E se o destempero entrar em campo?”, O Globo diz que “psicanalista teme que atitude exaltada do treinador seja incorporada pelos jogadores”.

Diz o texto, assinado por Fernanda Thurler: “Antes de cada partida da Copa, os primeiros a entrar em campo são os que carregam a bandeira do jogo limpo. Mas tal espírito esportivo, tão valorizado no Mundial, parece que ainda não foi incorporado pelo técnico Dunga. Depois dos destemperos do treinador durante e depois da vitória, psicanalistas avaliaram como o comportamento de Dunga fora de campo pode prejudicar o trabalho dos jogadores dentro dele. Kaká, irritadiço e expulso no final da partida, foi um dos exemplos dessa nova cara da seleção”.

Seguem-se as opiniões de quatro “especialistas”, naturalmente condenando Dunga e apoiando a “tese” do jornal.

No editorial, sob o título de “Jogo Perigoso”, o jornal diz:

“Escolhido para técnico da seleção mais pelos dotes de disciplinador do que por qualquer talento específico na condução de um time de futebol, Dunga se notabiliza por descontrole e incivilidade no relacionamento com a imprensa. Se mesmo com as vitórias Dunga anda de mal com a vida, o que poderá acontecer se o hexa não vier? E não virá caso o técnico transmita para o time todo o seu desequilíbrio emocional. A seleção precisa ser protegida de Dunga”.

Repetindo: O Globo omite de seus leitores a disputa em torno do acesso da TV Globo aos jogadores da seleção brasileira.

E pinta Dunga como uma espécie de Freddy Krueger, do qual a seleção brasileira precisa ser protegida a qualquer custo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Greve de fome fora do lugar

Não faz o menor sentido essa greve de fome do dep Dutra e de Manoel da Conceição por decorrência de decisão do DN em levar o PT-MA a apoiar a sucessão de Roseana Sarney. O DN tomou uma decisão legítima, após amplo debate.
Ademais tínhamos mesmo de apoiar a Roseana pois fizemos com o PMDB uma aliança estratégica, para ganhar a eleição e governar o Brasil. José Sarney tem sido um aliado importante, nos momentos mais difícieis esteve do nosso lado.
Por fim a oposição teve a chance de governar o Maranhão e deu no que deu.